A Psicologia Existencial Humanista é uma abordagem psicoterapêutica que pode ser utilizada no atendimento clínico de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Trata-se de uma vertente da Psicologia Clínica que possui raízes filosóficas, pois seus principais embasamentos teóricos e metodológicos advêm do campo da filosofia, sendo eles a Fenomenologia, o Existencialismo e o Humanismo.
A perspectiva fenomenológica, existencial e humanista compreende o ser humano como um ser que é livre para fazer suas próprias escolhas ao longo da vida. Tal liberdade, porém, envolve também uma grande responsabilidade e gera uma dose significativa de angústia, pois as pessoas são constantemente confrontadas com a necessidade de tomarem decisões existenciais importantes e de se responsabilizarem por elas. Esta é uma tarefa que não pode ser delegada a ninguém.
A Psicologia Existencial Humanista nos lembra, portanto, que somos os autores de nossa própria história e que cada escolha que fazemos molda, de algum modo, a nossa jornada já que sempre temos de lidar com as consequências positivas e negativas daí advindas. Dessa forma, o processo terapêutico dentro dessa abordagem tem como objetivo acompanhar o paciente no exercício de sua liberdade existencial, auxiliando-lhe a fazer escolhas cada vez mais coerentes com seus próprios valores, visões de mundo e projetos de vida.
Uma vez que todas as escolhas feitas durante a vida envolvem ganhos e perdas, é a partir de um processo profundo de autoconhecimento que as pessoas podem tomar consciência daquilo que tem mais ou menos valor para elas. Na medida em que se aproximam de si mesmas no processo terapêutico, elas têm a possibilidade de discernir o que verdadeiramente querem e de alcançar uma vida autêntica, com propósito e significado pessoal.
Sendo assim, em vez de fugir da angustia, a Psicologia Existencial Humanista nos encoraja a escutar o que ela tem a nos dizer, reconhecendo-a como um sinal de nossa liberdade e responsabilidade. É justamente examinando de perto os nossos desconfortos, incômodos e sofrimentos que podemos compreendê-los e transformá-los. Para isso, em vez de fornecer respostas prontas, a Psicologia Existencial Humanista nos oferece um caminho para a autorreflexão, convidando-nos a explorar questões existenciais como: ‘‘Quem sou eu?’’; ‘‘O que me move na vida?’’; ‘‘O que traz sentido para a minha existência?’’; ‘‘A forma como estou vivendo faz sentido para mim?’’.
Questionamentos como estes contribuem para que possamos mergulhar nas profundezas da existência humana. Além disso, nos possibilita compreender que nem sempre é possível modificar as situações, mas que sempre podemos escolher a maneira como iremos nos posicionar diante delas. Como afirmou Viktor Frankl, um dos principais representantes da Psicologia Existencial Humanista, ‘‘Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos’’.
Além disso, a Psicologia Existencial Humanista é uma abordagem que nos convida a explorar a riqueza e complexidade da existência humana, enfatizando a importância de se ter coragem para enfrentar o desconhecido e para agir, mesmo na ausência de garantias absolutas. Ela nos incentiva a abraçar a dor, a incerteza e a ambiguidade como partes inevitáveis da vida e a, ainda assim, buscar encontrar um sentido na jornada existencial que é única, pessoal e intransferível.